Você já percebeu que muitos valores cristãos do Natal estão se perdendo ou se confundindo com valores e princípios da nossa cultura? Nessa convergência, 25 de dezembro, é uma data de celebração confusa e obscura. Se a analogia Natal – vida, Papai Noel – Deus, estiver correta, a época natalina assume um papel opressor em nossas vidas. Explico-me: O Papai Noel presenteia pessoas que foram boazinhas, que corresponderam às expectativas. Adicione a esse fato a cosmovisão da religiosidade que afirma ter a nossa redenção um caráter condicional. Deus nos aceitará quando as nossas vidas corresponderem as supostas expectativas dele (Deus). A moralidade, a justiça, a ética, a virtude passam a ter um fim em si mesma. Assumem um simulacro redentivo porque nos ilude com a convicção de que é possível construir uma relação com Deus através do desempenho. Natal é um tempo de esperança porque podemos parar, ouvir, refletir e compreender o que a espiritualidade cristã tem a nos dizer: a boa noticia (evangelho). Deus providenciou o pagamento da dívida que temos com ele, na pessoa do seu filho Jesus. Talvez isso não seja novidade para alguns de nós. Mas Deus também providenciou todas as condições para vivermos uma nova vida construída no amor incondicional do Rei do universo que nos ama de modo pessoal. Não é o que fazemos, é o que ele faz por nós, em nós e através de nós. A iniciativa é sempre dele. Essa perspectiva nos mostra que não precisamos viver com a culpa continua de não conseguirmos realizar o que queremos, experimentar as transformações que desejamos... Natal nos dá esperança de sermos libertos da sedução de uma cultura consumista, narcisista e individualista. Nossas conquistas produzem alegria em nós e isso é muito bom. No entanto, têm prazo de validade. Talvez aqui esteja a razão pela qual nunca estamos contentes com o que conquistamos. O que você pensa sobre isso?
Roberto Ferreira