A propósito do nosso último encontro, lembrei-me de um texto que escrevi em 21/10/2004 e transcrevo (com pequenas modificações):Acabo de chegar de uma apresentação da fantástica Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), regida pelo fabuloso John Neschling, que também é seu diretor artístico.Sua trajetória à frente da orquestra e as mudanças radicais impostas trouxeram um resultado fenomenal, não só nos integrantes, mas também no espaço conquistado para ensaios e apresentações.
Mas, resolvi escrever pois, ao ouivr a orquestra na Sala São Paulo, acabei por fazer uma analogia da comparação que o apóstolo Paulo faz, entre o corpo de Cristo e o nosso próprio corpo, nossos membros, na carta que escreveu para a igreja em Roma (Romanos 12).
Penso que se Paulo estivesse na Sala São Paulo hoje, poderia fazer a comparação com uma orquestra. Vejamos: Uma orquestra não é nada sem um
regente. E o regente precisa ser expert, saber tudo sobre os instrumentos, sobre acústica, sobre as obras e sobre os compositores.Uma orquestra não funciona sem músicos. E dos mais diferentes instrumentos. Por exemplo, na formação da orquestra sinfônica temos violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, flautas, oboés, clarinetes, fagotes, trompas, trompetes, trombones, tuba e percussão diversificada. Sem contar nas "participações especiais" do piano, harpa, etc. Cada músico, nas boas orquestras, especializa-se um um tipo de instrumento. Conhece-o, domina-o e o executa perfeitamente. Dedica seu tempo para o estudo e aprimoramento. E, quase sempre, acaba por ser professor, ensinando a outros a arte de tocar bem.
A
linguagem musical deve ser dominada por todos, regente e músicos, e vem expressa através de uma notação: a partitura. Para executar uma obra musical, todos devem estar familiarizados com a partitura. E é interessante notar que o músico não olha somente para a partitura. É um olhar constante entre a partitura e o regente. O regente crê que o músico conhece a partitura e cobra dele uma execução perfeita, dando as nuances que acredita serem importantes. E também vai notar os erros e desafinadas.E há uma platéia.
A "nuvem de
testemunhas" é a
audiência, que vai perceber se a orquestra está afinada, se forma "um só corpo", se obedece a regência, se há uniformidade na diversidade de instrumentos e pessoas.
Recebemos uma "partitura" do nosso "regente": a
Bíblia sagrada. Devemos conhecê-la profundamente, para a executarmos com perfeição. Ao mesmo tempo, devemos ter nossos olhares fitos no
regente, atentos às nuances que ele quer dar em nossas vidas. Devemos também conhecer e aprimorar nossos
dons, que são os instrumentos espirituais graciosamente concedidos a cada um de nós.
Devemos funcionar como uma orquestra
una, não querendo aparecer mais do que os outros. Cada instrumento tem sua finalidade, seu timbre, seu momento. Assim também nós. E não devemos nos esquecer da "platéia", que está atenta às nossas desafinadas.Não é fácil uma orquestra funcionar adequadamente. Já participei de uma e sei o quanto é difícil. Horas de ensaio e dedicação, esforço e tempo dispensados, além de paciência e compreensão entre os músicos. Muitas vezes o regente nos cobra aquilo que está explícito na partitura. Mas também é preciso conhecer profundamente o regente, para saber/sentir qual sua vontade.
Como tem sido nossa vida cristã? Nosso dia-a-dia? Nossos relacionamentos? Uma
suave sinfonia?